Entendendo o plano de negociação
O plano de negociação reúne regras de negociação e dá origem a um algoritmo a ser seguido. Assim, a finalidade fundamental do plano é ajudar você a alcançar seus objetivos pessoais no trading. Digamos que o seu objetivo número um seja evitar grandes perdas. Em tal caso, o seu plano de negociação deve prever uma etapa em que você faz uma pausa no mercado e descansa após uma série de más operações. Você até pode mudar sua estratégia de negociação após uma série prolongada de prejuízos. Isso também faz parte do plano de negociação.
Planos de negociação podem ser extensos e trazer inúmeras especificações. Contudo, um plano simples nem sempre é um plano ruim. Investindo a longo prazo, você pode se concentrar no valor que está disposto a investir todo mês, suas expectativas de rendimento e o que fazer em caso de prejuízos prolongados. Esse plano vai funcionar perfeitamente, sobretudo no mercado de ações global, que tende a valorizar com o tempo. Mesmo assim, convém observar que um plano de negociação desse tipo não tem limite de tempo — é possível que os ativos passem anos ou até décadas antes de darem lucro.
Os swing e day traders têm planos extensos que definem vários aspectos da rotina operacional. Tendo um plano, o trader consegue definir com facilidade se dada operação vale a pena, fazer o que é necessário e ter o máximo possível de controle sobre o resultado. Mesmo quando a operação vai em outra direção, é possível minimizar os riscos com um plano de negociação.
Exemplos de plano de negociação
A figura abaixo é um exemplo de plano de negociação baseado em tendências. Observe que o plano retratado não inclui diversos componentes essenciais, como gestão do tempo, gestão de riscos, pontos de saída, timeframe e tipo de ativo, mas é um exemplo bom o suficiente enquanto ponto de partida.

Seu plano de negociação deve ser organizado como uma caixa de ferramentas completa, com tudo o que você precisa em um só lugar. Sugerimos incluir o máximo possível de detalhes no seu plano, pois seus resultados vão depender disso. Para cada situação incerta, o seu plano de negociação deve ter uma instrução sobre o que fazer.
Aqui estão os itens que um plano de negociação bem preparado e amplo deve conter:
Rotina pré-mercado. O que você faz antes do início das operações? Por acaso você lê as últimas notícias e decide o ativo com que vai trabalhar hoje? Ou você avalia cada ativo que opera e marca as linhas de suporte e resistência? Em ambos os casos, sua rotina pré-mercado ajuda a se concentrar no trading e se livrar de tudo que pode distrair. Elabore uma rotina para fortalecer sua disciplina e sua consistência e anote-a em detalhes no seu plano de negociação. E, então, siga essa rotina a cada dia.
Timeframe. Operar em timeframes maiores é diferente de fazer scalping ou day trading, modalidades de curto prazo. Algumas estratégias, como a gap and go, tendem a funcionar melhor nos intervalos M5 a M15. Outras, como o trend trading, funcionam melhor nos intervalos H4 a MN (um mês). Isso não quer dizer que você vai perder seu dinheiro tentando captar uma tendência no timeframe M5, mas operar tendências em um intervalo tão curto assim é bem mais difícil, sobretudo no mercado Forex, em que o mais comum é observar movimento lateral. Observe que alguns traders usam todos os timeframes e não fazem distinção entre negociar no M5 e no H4. Se você estiver entre eles, pode pular esta etapa e passar para a próxima.
Gestão de riscos. Esta é uma parte crucial. A gestão adequada de riscos impedirá que você perca todo o seu dinheiro em um dia ruim e levará sua estratégia de negociação a um novo patamar.
Para aprimorar sua abordagem ao risco, é preciso definir um drawdown diário, isto é, uma perda potencial após a qual você vai parar de operar e começar a analisar os seus erros. Os traders geralmente trabalham com um drawdown na faixa de 5–10%; acima desse patamar, eles param de abrir operações pelo resto do dia.
Também é preciso definir o quanto de dinheiro você pode perder em uma única operação. Para mim, esse patamar fica em 3% do capital por negociação. Operadores mais conservadores, porém, costumam fixar esse limite em 1% do capital por negociação, Ou seja, você precisa ter 100 negociações malsucedidas consecutivas para estourar a conta. Se a sua estratégia de negociação é rentável, você nunca vai ter 100 perdas consecutivas.
Por fim, o melhor é operar com uma boa relação risco-recompensa (R/R). A relação R/R mede o lucro e o prejuízo esperados de investimentos e operações. Eu sugiro ter uma relação R/R de pelo menos 1:1,5. Dessa forma, para uma potencial perda X, seu lucro em todas as negociações é de 1,5X. Traders que não têm o hábito de definir níveis de Stop Loss (Perda Máxima) e Take Profit (Lucro Máximo) de antemão podem pular esta parte, desde que isso não contrarie o plano de negociação adotado.
Opção por operar tendência ou range: Há uma enorme diferença. Trend traders podem manter uma posição em aberto por mais tempo, pois tendências tendem a continuar. Esses traders podem conseguir lucros maiores com riscos menores. Por outro lado, range traders tiram mais proveito de movimentos laterais e fases de consolidação.
Tipo de mercado. O mercado de ações só funciona em horários específicos e exige que você esteja diante da sua plataforma de negociação, na hora certa, de segunda a sexta. O mercado de criptomoedas funciona 24h, de domingo a domingo, e exige que você deixe sua ordem amparada por uma Stop Loss devido à alta volatilidade. O mercado Forex funciona 24h, de segunda a sexta, e tem volatilidade menor. Sem contar os diferentes acontecimentos macroeconômicos que impactam esses mercados. Escolha o que mais lhe agrada — é mais fácil operar um ativo que desperta o seu interesse.
Entrada: você deve se atentar aos movimentos no mercado e entrar com a operação somente quando prevista no seu plano de negociação. Existem várias opções para o ponto de entrada.
Um pullback é a hora perfeita para compra em caso de tendência de alta.
Um rompimento verdadeiro é bom para quem busca uma confirmação mais certeira de dado movimento. Cuidado com os rompimentos falsos.
Se você usa indicadores técnicos no seu trading, como o MACD, você pode entrar com a operação no cruzamento das linhas de indicador.
Você pode criar o seu próprio sinal de entrada. Exemplo: pode ser uma divergência do oscilador RSI, um toque no nível de retraçamento de Fibonacci ou um padrão de velas. Mesmo assim, é melhor ter vários motivos que justificam entrar com a operação e não depender somente de um padrão ou indicador técnico.
Stop-loss. Todo trader deve ter um plano para quando as coisas dão errado. Você pode configurar uma Stop Loss antes de entrar com a operação e esquecer os gráficos enquanto a ordem estiver em aberto. Você também pode monitorar sua operação e decidir onde e quando sair dela. Esta última abordagem é bem mais arriscada, pois você fica sujeito a decidir por emoção e perder dinheiro no que possivelmente seria uma negociação rentável.
Take Profit. Se você trabalha com uma relação risco-recompensa, sua Take Profit (Lucro Máximo) é de magnitude/valor absoluto superior à sua Stop Loss (Perda Máxima). Porém, você pode fechar parte da sua posição na primeira meta e então deslocar a sua Stop Loss para o ponto de equilíbrio (breakeven), de forma que sua operação passe a ser livre de risco e possa ser mantida por bem mais tempo, possivelmente ampliando seus lucros.
A imagem abaixo vai ajudar você a traçar seu plano de negociação.

Planos de negociação ativos ou táticos
Muitos investidores recorrem a investimentos automáticos para aplicar um determinado montante todos os meses em fundos de investimento ou outros ativos. Planos desse tipo são chamados de automáticos. Embora o processo se execute por conta própria, ele deve ser anotado em forma de plano.
Se o plano de negociação prevê uma condição em que você vai buscar pontos de entrada, então ele é do tipo tático ou ativo. Ao contrário dos investimentos automáticos, nos quais o investidor compra ativos em intervalos regulares, o trader tático costuma buscar posições de entrada e saída em certos patamares de preço, ou então somente quando certos requisitos são atendidos. Por esse motivo, os planos de negociação ativos são muito mais detalhados.
Para entrar com uma operação, o trader tático precisa observar uma série de requisitos (“gatilhos”), como sinais de indicadores técnicos, viés estatístico ou publicações econômicas. A seção "Exemplos de um plano de negociação" trata de planos táticos que se adequam melhor aos traders.
Alterando um plano de negociação
Um bom plano de negociação passa um bom tempo sem exigir mudanças, pois, de modo geral, ele abrange todas as circunstâncias que você pode vir a observar enquanto opera no mercado. Logo, você não deve mexer no plano de negociação só porque teve uma sequência de prejuízos ou um dia ruim no mercado. Afinal, o seu plano de negociação traz informações de como agir em situações assim.
Porém, o operador deve evoluir e buscar o aperfeiçoamento de suas habilidades e conhecimentos. Quando você avança a um ritmo que seu plano de negociação não acompanha, convém aprimorá-lo ou formular um novo plano mais adequado ao novo cenário do mercado. Observação: fique longe das operações até que o novo plano de negociação esteja pronto.
Obstáculos no trading
A principal regra de um plano de negociação é respeitá-lo. É preciso descrever cada passo dado para ser rentável. Além disso, se o seu plano de negociação se baseia em indicadores técnicos, você pode transformá-lo em estratégia de negociação automatizada.